Como lidar com crianças neurodiversas no ambiente escolar

A despeito do respaldo oferecido pela legislação brasileira atual, ainda existem muitas fragilidades relacionadas à inclusão educacional e dificuldades para a sua efetivação. Diversos estudos apontam a necessidade de transformações de âmbito estrutural, de recursos, ideológicos, de formação, dentre outros. (ADURENS, VIEIRA; 2018).


Ao investigar as propostas curriculares que abordam a temática em nosso país, ao longo dos anos, observa-se que o  currículo  direcionado  para  estudantes  atípicos  foi  em  um  primeiro  momento  entendido  como uma adaptação de um currículo assumido como padrão e ideal, e que era idealizado para um estudante típico. No entanto, nas duas últimas décadas identificamos um outro momento que na sua natureza  provoca  uma  transição  para  um  entendimento  que  se  fundamenta  na  construção  de  um  currículo a partir de e para as diferenças. O que observamos como tendência é a construção de um currículo a partir da diversidade e particularidades de cada contexto. (ANDRADE VIANA, MANRIQUE; 2023).


Assim sendo, devido a complexidade dos quadros clínicos neurodivergentes e a necessidade de ser tratado por abordagens multidisciplinares, a escola exerce um papel importante no incentivo ao aprendizado e à integração na sociedade. Principalmente quando o aluno pode contar com um professor capacitado e suporte de uma equipe multidisciplinar. 


Dessa forma, para que haja um resultado positivo, especialmente relacionado ao papel do professor, é importante atentar-se para sua qualificação, apoio e a valorização de seu trabalho. Embora a responsabilidade dos impasses na política inclusiva não deva recair somente nos professores, pois sozinhos eles se tornam impotentes diante da complexidade da inclusão, a promoção e efetivação da inclusão educacional estão intimamente ligadas a eles. As pesquisas sobre concepções e atitudes sociais dos professores mostram sua sensação de falta de preparo qualificado e de capacitação em serviço para sua melhor atuação no ensino inclusivo (ADURENS, VIEIRA; 2018).


Existem vários fatores que influenciam a atitude dos professores diante da inclusão escolar, como:



Embora, isoladamente, esses fatores não proporcionem o sucesso neste processo de educação inclusiva. Faz-se necessário que os educadores obtenham materiais adequados, suporte de uma equipe com apropriação do tema e tornem-se pessoas compromissadas com essa causa.


Adurens e Vieira (2018) relatam que o grande número de alunos em classe resulta em efeitos negativos no desempenho de uma boa sala de aula inclusiva. Os professores consideram que uma quantidade pequena de alunos possibilitaria maior aproximação das crianças que necessitam de auxílio mais intenso, e, como consequência, o trabalho seria mais cuidadoso. Os educadores incluídos nesse contexto relatam a importância de as escolas possuírem sala de recursos, os serviços de orientação educacional e o atendimento educacional especializado.


Portanto, o professor deve considerar a especificidade de cada caso e sua aptidão na relação com determinado diagnóstico ou dificuldades. Os casos de problemas físicos, intelectuais, emocionais e comportamentais repercutem de diferentes maneiras nos professores. Fiorini (2011) aborda essa questão em seus estudos quando aponta que os casos de alunos com dificuldades emocionais e comportamentais são considerados pelos professores os mais difíceis de serem trabalhados no processo de inclusão.


Questiona-se quanto à falta de preparo dos educadores e às adversidades em sua relação com o aluno neurodiverso podem estar relacionadas à formação insuficiente ao longo de sua trajetória acadêmica do ponto de vista da inclusão, sendo tratada de maneira incipiente na graduação, dependendo, então, de o profissional buscar ou não atualização e preparo relacionados à temática, a partir de seu interesse pessoal. 


O portal NeuroKids pretende apoiar os professores e demais agentes do ambiente escolar na aquisição de recursos educacionais para suporte no dia a dia,  incentivar postura positiva acerca do trabalho com as crianças neurodivergentes e consequentemente ser suporte na capacitação profissional contínua.


Bibliografia


ADURENS, FERNANDA DELAI LUCAS; VIEIRA, CAMILA MUGNAI. Concepção de professores sobre a inclusão do aluno com autismo: uma pesquisa bibliográfica. set de 2018. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cpdd/v18n2/v18n2a07.pdf. Acesso em: 3 out. 2023.
ANDRADE VIANA, E. de .; MANRIQUE, A. L. . A neurodiversidade na formação de professores: reflexões a partir do cenário de propostas curriculares em construção no Brasil. Boletim GEPEM, [S. l.], n. 76, p. 91–106, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufrrj.br/index.php/gepem/article/view/199. Acesso em: 3 out. 2023.
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